Para quem não sabe Júlio César Kohler Damasceno Baron é um dos melhores bateristas de hardcore thrash do meio oeste, toca nas bandas WC MASCULINO, no IMPETO e no NFL que tah meio parada!!
Bom Julio, antes de qualquer coisa queria dar aquela babada de ovo, você é um dos muleques de Goiânia que mais admiro, você sabe disso e não escondo isso de ninguém, então parando um pouco com a rasgação de seda vamos ao que interessa. você é considerado pelas pessoas envolvidas com o hardcore como um dos bateras mais rápidos do “meio oeste”, com quantos anos começou a tocar batera, em quem se espelhou e quais foram as suas influencias?
E aí Totó, tudo certo? Antes de tudo, valeu pelas palavras, hehe. Foi de um prazer grande saber do teu interesse em me entrevistar, isso nunca me aconteceu e eu to realmente feliz e surpreso com isso, hehe. De qualquer forma, eu não me lembro ao certo à idade com a qual comecei a tocar. Graças ao cão, me envolvi muito cedo com o rock devido à influência de uns amigos e do meu irmão mais velho. Eles começaram a tocar em 2002 ou 2003, não me lembro, e nesse meio tempo eu sempre chegava nos ensaios e prestava atenção no batera deles. Queria aprender a tocar algo, e nunca levei jeito com as cordas. Assim, ia pegando mais ou menos os tempinhos e treinava no ar, tipo uma “air drum” mesmo, hehe. Pouco tempo mais tarde, eu e Xarloti decidimos montar o Wc e eu resolvi improvisar uma batera de latas e baldes no fundo de casa, foi mais ou menos assim que tudo começou. Nessa época eu tinha uns 14 ou 15 anos, e me espelhava bastante no Aurélio, batera do HC-137, no cara que tocava com o meu irmão, e num outro amigo, o Renato, que hoje toca no Atomic Winter. Hoje piro muito no Max 625, Boka (principalmente pelo I Shot Cyrus), Nino Tenório e Renzo DFC.
Como é estar tocando no ímpeto uma lendária banda da cena daí ??? Os caras não são anciãos demais (risos)?? O som é bem diferente do feito no wcm, houve alguma dificuldade para tirar a batera?
Me surpreendi muito quando o Bacural me chamou pro Ímpeto. Eu gostava pra caralho da banda, sempre ia aos shows e agitava bastante. Sem dúvidas, é uma banda que marcou uma época bacana e que eu inclusive não vivi do Hardcore goiano. No começo, achei que era uma coisa compromissada demais, que ensaiaria freqüentemente e etc. Mas com o tempo vi que só tinha idoso trabalhador e velho raquítico no meio, por isso nós raramente nos reunimos pra tocar. É um lance levado muito mais pela amizade, nada feito com muito compromisso ou pretensão. Sobre a batera, eu apanhei um pouco no começo, mas tive a sorte de conviver por um tempinho e aprender muito com o Didi, que tocou no Ímpeto a um bom tempo atrás. Ele e o Guga, que também passou pelas baquetas do Ímpeto, me passaram a manha do que eu não conseguia, sempre foram muito pacientes com a minha lerdeza em pegar os tempos, hehe.
E quais as novidades do lado do wcm?
A novidade mais quentinha que posso adiantar não é muito bacana, mas infelizmente não deixa de ser novidade né, hehe. O Theo saiu recentemente da banda, pela primeira vez vamos mexer na formação original e isso tem me deixado meio cabreiro. Tô realmente com medo de dar merda daqui pra frente, mas tomara que tudo se ajeite o quanto antes, tanto pra nós quanto pra ele. Sobre lançamentos, até o meio do ano deve sair um 3 Way pela Two Beers Or Not Two Beers, onde vamos dividir os sons com o Against daqui de Goiânia e com o Slapendehonden, da Holanda.
Julio, quais os sonhos a serem realizados dentro do underground que ainda não realizou e qual foi o seu grande momento tocando com suas bandas???
Bicho... Acho que não chega a ser um sonho, mas realmente ficaria muito feliz se as pessoas começassem a pensar, ou pelo menos entender as coisas dessa forma. Eu realmente gostaria de ver mais sinceridade e compromisso nas atitudes e pensamento de quem entra ou já vive a um bom tempo nesse meio underground. É triste ver gente próxima saindo do esquema, se entregando a padrões mais sociáveis, tanto pelo lado estético quanto mental da coisa. Parece que à medida que o tempo vai passando, as pessoas se esquecem de tudo que já ajudaram a construir, se esquecem do que um dia já almejaram como sonho, e simplesmente abandonam, como se todo aquele tempo tivesse sido um erro, apenas “mais um” momento da vida. Acho que cheguei a um ponto em que não consigo mais me imaginar fora dessa merda, e ver gente saindo por conta de influência religiosa e influência desse ou daquele modo social padronizado e segmentado de vida é triste demais. Só queria mais compromisso com tudo, que neguinho pare de se importar em ir pra show só pra se aparecer e pegar mulher, que neguinho seja mais sincero, tanto consigo mesmo quanto com as pessoas com quem convive. Porra, acho que desviei o foco da pergunta né, hehe. Foi mal, isso tava entalado e precisava sair de alguma forma. Sobre os grandes momentos com as bandas, eu destaco, pro caso do Wc, o primeiro Caga Sangue em que tocamos, em 2004. Como eu sempre digo, aquilo foi a apresentação da insanidade, sujeira e noção desse espírito DIY à minha vidinha pacata. Com o Ímpeto, eu destaco um show que tocamos com o ROT, aqui em Goiânia, talvez por ter sido um dos meus únicos shows com o Didi, não sei. Sei que nesse dia, fui embora pra casa mais feliz e satisfeito do que o normal.
Aquela perguntinha que todos gostam de saber, o que você anda ouvindo ultimamente??
Porra, muita coisa bicho! De semana passada pra cá, o que mais tenho ouvido é Agathocles (Thanks For Your Hostility e Razor Sharp Daggers, em especial), muito Unholy Grave, muito Archagathus, Napalm Death (Scum!!), Disrupt (o primoroso lançamento do Bucho), Besthöven (em especial o Depois De Um Ataque Aéreo, esse EP é sensacional!!), Capitalist Casualties, Magrudergrind, uma banda nova do Ceará chamada Mundo Cadáver, e ROT. Nos momentos de calmaria, tenho ouvido muito Black Uhuru (graças a você, RÁ!), e alguma coisa do Belle And Sebastian. Sempre que acordo puto, escuto Treta HC pra alegrar e descontrair o meu dia, hehe.
Vamos falar de produção de eventos. Você é um dos produtores do festival thrashcore fast e de vários outros shows, como é produzir eventos hardcoreanos aí em Goiânia e quais as maiores felicidades de infelicidades em se produzir eventos?
Ultimamente não tenho muito que reclamar sobre a cena goiana não. Problemas existem, como em qualquer outro lugar, e geralmente as causas são as mesmas: dificuldade pra arrumar um lugar bacana e dentro dos padrões e alcance do que temos pra fazer o show, falta considerável de apoio pra cobrir o que geralmente se tira do próprio bolso, essas coisas. O bacana é que, mesmo com poucas pessoas envolvidas, existe uma sinceridade e amor incríveis. Gente como o Pedrinho, Bacural, Segundo e o Juninho da Hocus Pocus fazem valer a pena. O que tem me alegrado muito é o clima de união que rola por aqui. Parece que acabou aquele preconceitozinho besta entre metal e punk, e eu fico extremamente feliz e satisfeito por isso. Os shows têm sido cada vez mais insanos, a rapaziada ta voltando a colar, muita gente consciente desse espírito DIY que a gente propõe, tô realmente satisfeito. E agora, minha vez de rasgar seda: grande parte desse crescimento se deve à cena daí de Brasília. Pessoas como você, Poney Ramos, Barbosa Osvaldo, Pícaro e Felipe CDC são, com certeza grandes referências pra boa parte do que fazemos por aqui.
O que você acha que precisa ser mudado no nosso meio (falo no aspecto da mentalidade das pessoas)?
Porra, acho que respondi isso na questão lá de cima né, hehe. Além daquilo, eu colocaria essa falta do que fazer de gente que se vê no direito de intrometer na escolha de cada um. Uma coisa é questionar, outra é jurar de morte quem decide ser feliz de outra forma. É compreensível que as pessoas mudem. Não entendo como uns “machões” incorporam o ódio e o espírito gangueiro típicos dos becos de New York e aplicam essa influência em gente que só quer ser feliz longe dessa ou daquela ideologia. Satanais há de me explicar isso um dia bicho, ainda vou entender o que se passa pela cabeça desse tipo de covarde.
Vejo que muita gente entra na coisa achando que aqui é o mundo perfeito, e na verdade não é, e é aí que as pessoas vêm com aqueles papos de que me decepcionei com a cena. Você acha que em quanto tempo estará dizendo isso (risos)???
Rapaz, acho que to ficando velho mesmo, hahaha. Se com 18 anos eu já reclamo desse jeito, imagina quando tiver uns 30 nas costas?! É foda reclamar demais e não agir pra melhorar. Tenho tentado mudar o que me cerca pensando assim, mas pelo visto não ta funcionando muito bem, não, hehe.
Julio foi imensurável o prazer tê-lo aqui abrindo a nossa parte de entrevistas pode me xingar agora!!
Porra Totó, primeiramente me desculpe por uma ou outra abobrinha que eu disse. Procurei responder da forma mais abrangente, me desculpe por ter desviado tanto o foco das perguntas. E porra, valeu demais pelo convite, é a primeira vez que respondo um esquema desses e tô realmente feliz por você ter cedido o espaço pra um cabaço como eu! É muito bom te ter como amigo, e espero que a nossa amizade cresça bastante daqui pra frente. Força com o seu zine, e espero que veículos como esse apareçam com mais freqüência.
Aquele abraço, e uma fungada no pescoço com xeirim de piki, hahahaha!
02 março 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário